quinta-feira, 24 de abril de 2008

Coisas da medicina moderna para homens.


Como a grande maioria dos homens, não sou nenhum pouco simpatizante de exames médicos, o que pode parecer mero machismo, mas nada mais é do que desconforto que sinto nestes lugares.
Por necessidades fiz vários exames médicos e por insatisfação adoraria não fazer mais nenhum. Mas isto é pura utopia.
Meu último exame foi algo diferente de tudo que já tinha feito. Quando soube o nome e o motivo do exame, achei um tanto quanto desnecessário e engraçado. Imaginem que eu deveria fazer um exame para saber o “potencial” dos meus espermas. Ora bola, sei muito bem que eles são rápidos como um felino e volumoso como um elefante. Para mim isto já bastava. Mas fui convencido pelo poder da insistência. Enrolei por alguns dias, marquei, desmarquei, remarquei e pronto, o dia estava marcado definitivamente, agora era só seguir o protocolo para o exame.
Seriam 5 dias exatos sem atividade sexual. Entenda-se na verdade 5 dias sem ejaculação. Isso é um problema, parece que quando estamos em abstinência reconhecida ou obrigatória do sexo, nossa mente insiste em nos pregar peças.
Temos mais vontade de fazer sexo, as palavras parecem querer combinar com sexo, o tempo vago no trabalho poderia ser utilizado para fazer sexo, na volta para casa a gente pensa em sexo...caramba, que loucura é essa, eu nunca fui tão pervertido até saber que tinha que ficar 5 dias na "mão"...quer dizer, sem poder usar nem mesmo a mão.
Enfim chegou o dia do bendito exame. Acordo as 6 da manhã , porque o exame está marcado para as sete horas e trinta minutos. Literalmente acordei para “tocar uma”.
Chego no laboratório , preencho a ficha , sento e espero chegar minha vez.
- Sr.Antonio Miguel, chama uma moça vestida em uma bata branca.
Pobre Antonio, dava para ver em seus olhos o seu destino manual. Com um pote na mão, o cronômetro na outra ele subiu e desapareceu entre as escadas que levava até o primeiro andar do prédio. Então 5 minutos se passam e nada dele aparecer. A moça vestida na bata branca sobe e desce em seguida. Sobe novamente com uma outra colega. Penso com meus botões, Antonio está precisando de uma “mãozinha”.
Não demora e Antonio desce com uma cara de alívio descontente.
Não demora também e escuto meu nome.
-Sr.José Trajano. Chama a mesma mulher.
-Sou eu. Me levanto lentamente com uma cara já meio desconfiada. Parecia que todo mundo sabia que eu era a bola da vez.
Lá vou eu, o pote e o cronômetro escada acima.
Na porta de uma saleta a moça me interroga: Está há 5 dias sem relação sexual?
Respondo com voz baixa e sem graça. E o jeito!
Este pote é para você depositar o esperma e o cronômetro para você marca a hora exata da ejaculação; explicou-me a moça com um semblante, digamos que padrão para aquela situação.
Entrei na saleta. É fácil descrevê-la: Uma sala pequena em formato de L , toda no azulejo branco , com um banco preto , um vaso sanitário, uma pia e uma revista Playboy de novembro de 2007. Na capa, para lá de rasgada dava para ver o que sobrou da foto de capa. Aquelas gostosas que trabalham com o Casseta & Planeta. O estado da revista estava mais para desanimar do que para animar, se é que vocês me entendem.
Comecei a folhear a revista em busca das musas da capa , mas nada das lindas mulheres peladas, com corpos exuberantes a aparecer.
Algum tarado deve ter , além de se masturbado pensando naquelas mulheres, rasgado todas as fotos e levado com ele. Que filho da mãe!!!
Bem, se não tem tu, vai tu mesmo. Me posicionei estrategicamente e comecei os trabalhos sem motivação, mas com a “cabeça erguida”. Quer dizer, erguendo aos poucos. O lugar me dava calafrios.
Por fim o grande momento se aproximava. Não sei se sorria ou se chorava. Por Deus era o fim. Mas bem diferente das muitas outras vezes , pois dessa vez não conseguia ouvir os "sininhos tocarem". Aquela agradável sensação de prazer , liberdade e leveza , era substituído por uma sensação de “que merda é esta que eu estou fazendo”.
Meu último desafio. Como concluir o trabalho, colocar no pote o liquido dos deuses e ainda marcar no cronometro que estava na minha mão, se as duas mãos estavam ocupadas.
O fato é que consegui fazer todas estas piruetas , entregar o pote, me desviar dos olhares das pessoas, que com seus olhares meticulosos diziam: Sei o que você estava fazendo rapaz... e sair de lá com vida e dignidade.
Espero que o exame comprove minha tese de que meus espermas são uns verdadeiros cometas e que nunca mais precise passar por esta presepada de novo. Mas se for necessário, sei que farei, porque posso até ser um pouco machista, mas não sou burro.
Ah, ganha um doce quem adivinhar onde terminei a noite deste dia com minha esposa!

Um comentário:

Unknown disse...

Eu bolei de rir com essa sua história... he he he... e aí qual foi o resultado??? kkk. Adorei o blog, li todas as reportagens que está na página principal... esse meu amigo é um danado mesmo... vai dar pra ser um escritor... Um xero.

Fabrícia Mestre.