sexta-feira, 30 de maio de 2008

A verdadeira fome.


Outro dia escutei alguem fazer um comparativo entre fome e jejum como se fosse a mesma coisa, e pensei: O jejum normalmente é algo pensado, planejado e com um objetivo final; seja ele religioso , político, social ou mesmo em defesa de uma causa. Nele também se tem normalmente apoio de pessoas que etão diretamente ligado a quem está fazendo. São pessoas que lhes dão apoio, confortam e estão prontos para lhe ajudar caso seja necessário.

Na fome não. Na fome as pessoas perdem o senso da vida, do amor, do carinho um pelo outro porque já não tem forças. Na fome o desejo da espaço a necessidade, ao desespero, a inquietação.

Quem nunca viu alguem passando fome, talvez não tenha a real noção de quanto triste é testemunhar uma pessoa pedir um prato de comida com os olhos vago e distante, mas o trecho abaixo , descreve com perfeição a fome e o que ela representa ao ser humano.


Nas primeiras horas, a fome é um suave vazio no estômago, amenizado pela antecipação da saciedade. Corre-se até a cozinha, a lanchonete, o restaurante, ingere-se o necessário - e tudo volta a normalidade. Batimentos cardíacos, pressão arterial , estômago satisfeito. ter fome e sacia-la é um prazer.


Nos primeiros dias, a fome come as forças. Os movimentos são lentos, água é fundamental. Não se dorme bem à noite , só se tem vontade de comer. Fica-se sentado, deitado. Quem levantar há que cuidar para não cair. Os níveis de colesterol e triglicérides estão altos. Os niveis de glicose e pressão estão baixo. Viver, respirar, até mesmo pensar é um fardo.


Nas primeiras semanas, a fome é um desespero que transforma o corpo no reino da doença e da dor. Não há mais energia nem para as funções básicas das células. Vem a visão dupla. O vômito de bílis esverdeada. Não se ouve direito. As pernas não se movem.Os braços doem. O músculos fracos causam lesões no sistema nervoso. É a morte chegando.


Parte integrante do texto retirado da edição 2062 da revista veja.Maio de 2008.

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